As Principais Notícias da Região
Manaus/AM - sexta-feira, 18/07/2025
t1
modelo site 02
previous arrow
next arrow

Engenheiro César Calderaro propõe projeto de interligação do Amazonas ao resto do Brasil

728-01

A integração transversal dos estados do Norte do país é a proposta do engenheiro César Calderaro para tirar a Amazônia do isolamento. Ao contrário dos que defendem o projeto da BR-319, que tem dificuldades de sair do papel por questões ambientais, ele apresenta um novo plano de desenvolvimento para interligar  os estados de Roraima, Pará, Amapá e Amazonas ao restante do País por estradas  já existentes e balsas.

O percurso inicia em Boa Vista (RR) em direção a Manaus pela BR-174 e passa para  o  acesso aos municípios  da região metropolitana como Rio Preto da Eva, Itacoatiara pela AM-010. O primeiro trecho encerra na AM-363 em São Sebastião do Uatumã, onde há um apagão das estradas naquela região. Na segunda etapa de vias interligadas começa na BR–254, já em território paraense, na cidade de Oriximiná e encerra no Município de Prainha.

Conexões via Pará
Neste ponto, dois caminhos podem ser tomados. O primeiro seguiria para a região fronteiriça ligando o fim da BR-254 a BR-156, no Amapá, e segue até a Guiana Francesa. No outro percurso, ainda na BR-254, no Pará pela cidade de Montealegre, seria necessário apenas uma passagem de balsas para chegar até Santarém e ter acesso ao restante do Brasil por meio da BR-163, que corta o Brasil e chega até o Rio Grande do Sul.

“O objetivo do projeto é adequar e fazer o reconhecimento com estudo para fazer um plano e ligar essas pinças a esse complexo que já existe. O grande porto de Manaus vai ser por aqui [Amapá) e a BR-163 tá pronta, começa do Rio Grande do Sul e termina em Santarém”, diz o engenheiro.

O projeto, segundo César, pode ser mais viável  que a BR-319, por ser menos burocrática. Hoje a rodovia federal, apesar das promessas  acumuladas há vários governos, não andou devido aos atropelos na concepção do estudo de impacto ambiental e à consulta aos povos indígenas e tradicionais. A estrada proposta por ele, porém, não passaria por territórios indígenas, mas em boa parte do percurso usaria a abertura já feita pelo Linhão de Tucuruí na extensão da margem do Rio Amazonas acima.

“Não precisa ser uma autoestrada, precisa apenas consolidar o que já existe. Dessa forma, dispensa aqueles estudos, justos e necessários, de impacto ambiental, porque já existe a estrada. Ela vai fazer tudo o que já faz, só que de maneira mais organizada”, explica o engenheiro.

Asfaltamento
Outro ponto positivo, conforme explica Calderaro é a qualidade do solo. Ele, que participou de expedições enquanto ainda servia às Forças Armadas, conta que o CBR (Índice de suporte Califórnia), que é unidade utilizada na engenharia para medir a compactação do solo, é maior naquela região, ou seja, facilitaria o asfaltamento.

“O solo da BR-319, é um solo que não compacta, é um solo muito borrachudo, podemos falar assim. Já aí [nessa proposta] tem lugares onde tem um CBR alto que é bom para fazer a estrada”, enfatiza.

Manaus: o centro
Além disso, segundo ele, a interligação desses Estados traria um benefício maior para a Manaus que possui boa parte do capital intelectual e financeiro da região. A produção do setor primário – que tem se fortalecido no Baixo Amazonas com a produção agropecuária – por exemplo, hoje vem para capital amazonense por meio de embarcações. Com a proposta de César, esses produtos  encontrariam um caminho mais rápido pela rodovia para escoamento da produção.

“As terras são altamente agricultáveis. Aqui tem a várzea [diz ele apontando para a região do Baixo Amazonas]. Quando vem a cheia eles pegam o gado e entram na estradinha. A várzea desce e eles voltam para baixo. Ela [a estrada] é o antirrisco ambiental. Ela consolida a ideia da agricultura ser na várzea”, declara César Calderaro.

Como objetivos centrais da ideias, o engenheiro espera promover a integração dos estados mas deve promover integração entre as cidades das região Norte que hoje estão isoladas entre si e permitir a conexão da região com o  centro produtivo do Brasil. E a proposta ainda tem potencial para exploração de hidreléticas e a exploração mineral.

 Proposta vem sendo pensada há 25 anos

A ideia do engenheiro vem sendo aprimorada desde 1997  e foi despertada pelo anseios de César para dar mais qualidade de vida aos amazônidas. Ele nasceu na região do Lago Grande, em Juruti, no Pará. Quando foi professor universitário teve contato com os planos de integração nacional.

 A exposição do projeto foi feita  para os vereadores, prefeitos e instituições públicas de  Santarém,  Monte Alegre, Alenquer, Óbidos, Oriximiná, Curuá, Terra Santa e Faro, todas cidades paraenses, antes da pandemia. Essa é a primeira vez que o plano foi apresentado no Amazonas.

César pretende apresentar a proposta para o futuro governador do Estado, seja quem for o vencedor das eleições. Segundo ele, no caso dessa rodovia, os esforços devem ser descentralizada, uma vez que passa pela competência de estados e municípios e não fica somente a cargo do governo federal.

“Ela [a estrada] é pro caboclo mesmo. Para mim, para minha família que estão em Oriximiná, em Óbidos e para muitos outros. A terra é deles e tem que saber se eles vão querer, mas claro tem que passar pelas Câmaras de vereadores dos municípios”, disse.

Traçado desvia de terras indígenas

Na questão ambiental,  César Calderaro avalia que a construção da estrada vai além da preservação aos territórios indígenas, uma vez que não há demarcações no curso da via, mas também poderia facilitar o acesso das autoridades para fiscalização das atividades ilegais na região.

De acordo com o engenheiro, a possibilidade se tornou mais viável após a passagem do  Linhão de Tucuruí que abriu parte da mata para levar máquinas, trabalhadores e insumos para obra e desse modo “trouxe a primeira abertura intermunicipal”.

“Eu acho que eles [indígenas] serão beneficiados por ‘osmose’. Essas estradas não atingem territórios indígenas. Elas são estradas ribeirinhas. Não se devem fazer estradas que entrem na floresta. A riqueza da floresta tem que ser vista a pé. Agora as cidades já estão lá. Elas são ribeirinhas e as estradas servem para ligar estradas que já existem e são paralelas ao rio”, declarou.

“Brasília está de costas pra gente, não é que eles estejam de costas porque querem, é porque Brasília olha para o Rio de Janeiro, para São Paulo, Mato Grosso, é da natureza geopolítica. Belém agora é vista por Brasília porque tem uma estrada consolidada”, completou o engenheiro.

728-02
você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceitar Saiba mais

Política de privacidade
× Fale conosco!